quarta-feira, 13 de abril de 2011

Rio


A Blue Sky é uma produtora de efeitos especiais e longas de animação em CG menos conhecida do que a Dreamworks (Shrek) ou a Pixar (dã), mas que nos deu os sempre bem vindos A Era do Gelo (cujo próximo está planejado para 2012). Carlos Saldanha dirigiu os últimos dois da franquia, e agora, Rio.

Carioca de Marechal Hermes, aborda com sensibilidade a cidade onde nasceu, apresentando uma cidade da qual podemos se não nos orgulhar, pelo menos gostar de dizer "ei, eu moro aí". Como me chamaram a atenção, atentem para a luz utilizada, até a luz é a do verão carioca. Rio é sobre luz, cor e música (cuja direção, aliás, é assinada por Sérgio Mendes).

Os cenários, naturais e urbanos, são os nossos. Não é um Rio de Janeiro genérico, é uma cidade vivida e vívida. É o verde correto da nossa parca Mata Atlântica, sobrevivente em nossas encostas. Ao retratar o carnaval brasileiro, especialmente o desfile na Sapucaí, foi um acerto à parte. Pena que o desfile não tenha sido maior, mas isto é uma opinião minha.


A história envolve duas araras azuis, apresentadas como as últimas de sua espécie, macho e fêmea. Ela é uma arara selvagem, que acredita que o primeiro dever do prisioneiro é tentar fugir. Ele é uma arara doméstica, arrancada desde filhotinho das matas de encosta do Rio de Janeiro que vai parar em Minesotta e que, superprotegido pela dona, só sabe agir em um ambiente doméstico, humano. É a velha história de superarem as diferenças contrastantes juntas, para conseguirem conquistar o final feliz.


O elenco de apoio, entre oposição e aliados humanos, é mais do que eficiente - mas os animais é que realmente dão o show, várias e várias vezes. Gangues de micos, pássaros malandros, um buldogue deslocado, e uma cacatua vilanesca que rouba a cena.

Não é a coisa mais inédita do mundo: animais 'urbanizados' sendo arremessados de volta à natureza já faziam platéias morrerem de rir pelo menos desde 2005 com Madagascar, e a inversão de papéis, deixando a mocinha como sendo o personagem de ação e o mocinho como o lado mais 'frágil' da parceria também não são novidade.


Há críticas por aí reclamando dos estereótipos de carnaval, futebol e pobreza/criminalidade. Eu não sei se essas pessoas entendem, mas um longa de animação, como obra de entretenimento, não pode, e não deve tentar ser, digamos um tratado de sociologia ou uma tese de antropologia. Não há desculpas, é claro, para que ele não seja informado, ao se montar a história. Eu não sei, simplesmente não sei, como ignorar em um filme chamado Rio nenhum dos três elementos acima. O retrato passado é - mesmo o que normalmente é negativo - positivo, e sem melodrama ou paternalismos. E, vamos lá, um pouquinho de autocrítica do nosso coletivo: quantas pessoas vocês conhecem que parece que largam tudo para assistir uma partida de futebol, ou para cair na folia?

Eu não posso deixar de recomendar Rio para qualquer um que goste de animação. Imagino que, em um ano de continuações das duas majors citadas lá em cima (que virão com Kung Fu Panda 2 e Carros 2), não sobre um Oscar ou alguns Annies para Carlos Saldanha e a Blue Skye, ano que vem.

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